terça-feira, 30 de março de 2010

Greve

Prefeito de São Gonçalo corta salários de trabalhadores da educação
Professores e funcionários, em greve há quase um mês, receberam seus contra-cheques com vários dias de desconto

Às vesperas do dia em que a Ditadura Militar no Brasil completa 46 anos, o prefeito de São Gonçalo do Amarante/RN, Jaime Calado (PR), mostrou mais uma vez o quanto seu governo é autoritário e repressor. Nesta terça-feira (30), quando os trabalhadores da educação, em greve desde o dia 4 de março, foram ao banco verificar o depósito de seus salários, perceberam que a prefeitura havia descontado parte dos dias parados. O mais absurdo dessa medida é que o corte nos rendimentos foi feito de forma ilegal, pois o pedido da prefeitura pela ilegalidade da greve não foi julgado pela Justiça e a paralisação continua sendo legal.

Professora Vanuza Alves, mostrando seu extrato bancário

A professora Vanuza Alves recebe um salário base de R$ 1181,33. Ao retirar seu extrato bancário, percebeu que tinham descontado sete dias de trabalho, o que equivale a R$ 345,43 de sua já reduzida remuneração. Vanuza é uma das mais dedicadas à paralisação e faz parte do comando de greve da categoria. Entretanto, com a professora Maria Diva Ferreira foi ainda pior. Ela recebe como salário base míseros R$ 806,36 e teve descontados 11 dias, o equivalente a R$ 360,00. Com o corte, ela recebeu R$ 553,37, um pouco mais que o atual salário mínimo.

Extrato bancário da professora Vanuza Alves, destacando os descontos

Mesmo sabendo que não poderia fazer os descontos, o prefeito Jaime Calado fez questão de anunciar, dias antes em um programa de rádio, que iria cortar os salários dos servidores grevistas. Essa não é a primeira vez que a prefeitura desrespeita o direito de greve dos trabalhadores. No ano passado, Jaime Calado também descontou parte dos salários dos funcionários da saúde, que realizaram uma paralisação contra as péssimas condições de trabalho.

Extrato bancário da professora Maria Diva; em destaque os dias descontados

A advogada do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do RN (Sinte) - Núcleo de São Gonçalo já preparou um madado de segurança para que a Justiça garanta o pagamento integral dos salários dos servidores, visto que a greve permanece sendo legal. Para a direção do sindicato, essa é mais uma prova de que o prefeito Jaime Calado e seu Secretário de Educação, Abel Neto (PT), não medem esforços quando o assunto é atacar os direitos dos trabalhadores. "A prefeitura vai sentir é nas ruas o peso de mais esse ataque aos nossos salários. O movimento não vai recuar diante do autoritarismo de Jaime Calado. Nossa greve é justa e continua forte. Nós vamos até o fim nessa luta.", afirmou Socorro Alves, uma das coordenadoras do sindicato.

Amanhã (31), às 8h, em frente à Secretaria de Educação do município, professores e funcionários farão um ato público contra o corte dos salários e em defesa da pauta da greve. Entre as principais reivindicações, estão o descongelamento das promoções horizontais e verticais, cumprimento do Plano de Carreira dos funcionários, reajuste salarial de 35%, melhoria nas condições físicas das escolas, cancelamento do Plano de Cargos que retira direitos dos professores e cumprimento do Piso Salarial da categoria.

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