O SORRISO DO CACHOEIRA
“Muito a dizer, nada a declarar”. Foi essa a postura do bicheiro Carlinho Cachoeira, diante dos senadores e deputados da CPI. Alegando que pretende se manifestar antes na Justiça, onde teria "muito a dizer", o bicheiro saiu sem responder as mais de 60 perguntas feitas pelos parlamentares nesta terça-feira, 22. "Fui advertido pelos advogados a não dizer nada e não falarei nada aqui", disse. "Somente depois da audiência que terei com o juiz, se achar que posso contribuir. Podem me chamar que responderei a qualquer pergunta."
Acompanhado pelo advogado Márcio Thomas Bastos, ex-ministro da Justiça do governo Lula, Cachoeira sorriu várias vezes quando era questionado e chamado por integrantes da CPI de "bandido", "marginal", "arrogante" e "criminoso". O ex-ministro Bastos, aliás, se revela cada vez mais um especialista em defender criminosos. Para quem não lembra, foi ele que “aconselhou” os petistas envolvidos no escândalo do mensalão a tratá-lo como apenas dinheiro “não contabilizado” de caixa dois. Durante a CPI, Bastos foi homenageado por deputados e senadores com um buquê de cumprimentos reverentes, elogios derramados e outras cenas de servilismo explícito.
Deboche e alívio
Apesar da postura de Cachoeira ter provocado declarações de fúria entre os parlamentares, muitos deles, sem dúvida alguma, ficaram bastante aliviados com a opção do bicheiro manter sua boca fechada.
Por outro lado, a patética cena vista na CPI mostra sua total incapacidade de ir até o fim nas investigações. O deboche de Cachoeira é resultado de um acordo entre o governo e a oposição burguesa, que decidiu não convocar os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) para depor. Todos eles estão relacionados com as negociatas do bicheiro. Também escapou de ter que prestar depoimento o jornalista Policarpo Junior, redator-chefe da revista Veja, que na maior cara-de-pau se advoga como a paladina da ética.
Como todos os grandes partidos estão de alguma forma envolvidos no escândalo, o acordão seria uma troca mútua entre governo e oposição para livrar do desgastes nas eleições muitas de suas figuras. É velho enredo já cantado por outras CPI destinadas a uma investigação parcial e controlada.
Outro pivô do escândalo, a construtora Delta, também está se livrando de qualquer investigação. A manobra de não chamar a construtora veio do Governo Federal, que deseja preservar seu aliado, o governador Sérgio Cabral, contra quem foram levantadas suspeitas sobre sua relação com Fernando Cavendish, ex-dono da Delta.
O compromisso em preservar Cabral é público e notório. O deputado Cândido Vaccarezza (PT) chegou a ser flagrado pela câmara de uma emissora de TV, quando enviava uma mensagem de texto de seu celular de Cabral, diretamente da sessão da CPI, assegurando-o de sua blindagem. No texto da mensagem, um verdadeiro ultraje ao povo, Vacarreza dizia ao governador: “A relação com o PMDB vai azedar na CPI, mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu”.
Por outro lado, o desejo em preservar os numerosos contratos da Delta também pode estar relacionado com o interesse de compra da empresa por parte do grupo J&S, que controla o frigorífico JBS e tem participação do BNDES. Caso se concretize o acordo, teremos um desfecho emblemático para o caso. A empresa envolvida em incontáveis irregularidades seria objeto de um grande negócio de compra e venda, com participação de dinheiro público.
Enquanto a sujeira corre solta na CPI, Cachoeira continuará dando seus risinhos cínicos, diante dos holofotes, como quem sabe que tudo não passa de um grande circo.
Acompanhado pelo advogado Márcio Thomas Bastos, ex-ministro da Justiça do governo Lula, Cachoeira sorriu várias vezes quando era questionado e chamado por integrantes da CPI de "bandido", "marginal", "arrogante" e "criminoso". O ex-ministro Bastos, aliás, se revela cada vez mais um especialista em defender criminosos. Para quem não lembra, foi ele que “aconselhou” os petistas envolvidos no escândalo do mensalão a tratá-lo como apenas dinheiro “não contabilizado” de caixa dois. Durante a CPI, Bastos foi homenageado por deputados e senadores com um buquê de cumprimentos reverentes, elogios derramados e outras cenas de servilismo explícito.
Deboche e alívio
Apesar da postura de Cachoeira ter provocado declarações de fúria entre os parlamentares, muitos deles, sem dúvida alguma, ficaram bastante aliviados com a opção do bicheiro manter sua boca fechada.
Por outro lado, a patética cena vista na CPI mostra sua total incapacidade de ir até o fim nas investigações. O deboche de Cachoeira é resultado de um acordo entre o governo e a oposição burguesa, que decidiu não convocar os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) para depor. Todos eles estão relacionados com as negociatas do bicheiro. Também escapou de ter que prestar depoimento o jornalista Policarpo Junior, redator-chefe da revista Veja, que na maior cara-de-pau se advoga como a paladina da ética.
Como todos os grandes partidos estão de alguma forma envolvidos no escândalo, o acordão seria uma troca mútua entre governo e oposição para livrar do desgastes nas eleições muitas de suas figuras. É velho enredo já cantado por outras CPI destinadas a uma investigação parcial e controlada.
Outro pivô do escândalo, a construtora Delta, também está se livrando de qualquer investigação. A manobra de não chamar a construtora veio do Governo Federal, que deseja preservar seu aliado, o governador Sérgio Cabral, contra quem foram levantadas suspeitas sobre sua relação com Fernando Cavendish, ex-dono da Delta.
O compromisso em preservar Cabral é público e notório. O deputado Cândido Vaccarezza (PT) chegou a ser flagrado pela câmara de uma emissora de TV, quando enviava uma mensagem de texto de seu celular de Cabral, diretamente da sessão da CPI, assegurando-o de sua blindagem. No texto da mensagem, um verdadeiro ultraje ao povo, Vacarreza dizia ao governador: “A relação com o PMDB vai azedar na CPI, mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu”.
Por outro lado, o desejo em preservar os numerosos contratos da Delta também pode estar relacionado com o interesse de compra da empresa por parte do grupo J&S, que controla o frigorífico JBS e tem participação do BNDES. Caso se concretize o acordo, teremos um desfecho emblemático para o caso. A empresa envolvida em incontáveis irregularidades seria objeto de um grande negócio de compra e venda, com participação de dinheiro público.
Enquanto a sujeira corre solta na CPI, Cachoeira continuará dando seus risinhos cínicos, diante dos holofotes, como quem sabe que tudo não passa de um grande circo.
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