quinta-feira, 17 de março de 2011

Abandono

RELATÓRIO SOBRE SITUAÇÃO DAS ESCOLAS DE EXTREMOZ MOSTRA DESCASO COM A EDUCAÇÃO

No dia 21 de fevereiro, foi realizada uma assembleia dos trabalhadores da educação de Extremoz. O objetivo da reunião foi informar os profissionais sobre as condições em que se encontram as escolas do município e avaliar se elas poderiam receber os alunos para iniciar o ano letivo. A partir dos relatos dos trabalhadores, ficou claro que não haveria condições de as escolas funcionarem.

A Escola Coronel José Franco Ribeiro, localizada no centro, faltam oitenta carteiras para os alunos sentarem, o bebedouro está quebrado, não há profissionais de apoio para fazer a merenda e limpar a escola. Diante desta situação, foi sugerido um revezamento nas turmas de aula. Além disso, o material de limpeza e de expediente também é insuficiente, sem contar que os alunos serão prejudicados na aprendizagem, já que o direito dos estudantes de terem duzentos dias letivos não será respeitado por causa do revezamento de turmas.

A Escola Expedito José, localizada na praia de Pitangui, está funcionando apenas com professores contratados. Mas esses profissionais não assinaram nenhum contrato com a Prefeitura. Faltam funcionários, os ventiladores estão quebrados e a escola é muito quente. Essa escola ainda possui um banheiro interditado desde o ano passado. Os alunos estão usando um único banheiro, que também não está em condições de uso. Como se não bastasse, a Secretaria de Educação foi informada que o freezer não estava conservando os alimentos. Mesmo assim a Secretaria nada fez e a merenda foi enviada para a escola. O resultado foi que todos os produtos perecíveis estragaram e foram desperdiçados.

Já a Escola Luís Alves, no centro da cidade, mesmo tendo passado por uma pequena reforma no ano passado, depois de muita luta de toda a comunidade escolar, hoje continua sem condições de iniciar o ano letivo. O bebedouro não funciona, não há carteiras, faltam funcionários de apoio e a parte externa está cheia de mato e cupim. Em uma das salas de aula, não há quadro negro e a diretora quer trazer um de sua casa emprestado. O material de limpeza e de expediente não é insuficiente.

A Escola Antonio Fabrício, na comunidade de Santa Maria, está com problemas hidráulicos. Os funcionários precisam aparar a água com um balde por causa de um problema em uma calha. O anexo da Escola Nossa Senhora de Fátima, em Vila de Fátima, não possui água, nem material de limpeza e de expediente suficiente.

A Escola Maria Izabel Dantas, na comunidade de Capim, tem necessidade de pessoal de apoio, já que só há uma funcionaria. Além do mais, a escola está superlotada e a creche funciona no corredor, sem as mínimas condições. No início deste ano, a Prefeitura afirmou que iria construir duas salas de aula até o começo do ano letivo. Mas não construiu.

O Centro Infantil do Conjunto Estrela do Mar não possui carteiras e o material é insuficiente. A Escola Vereador Ricardo Afonso de Lima, localizada na Praia de Santa Rita, necessita de dois professores e carteiras. Desde o ano passado, um problema na caixa d’água obriga as funcionárias a carregar água em um balde. As trabalhadoras não aceitam mais essa situação. A escola da comunidade de Grutas está com as cerâmicas quebradas, faltam carteiras e, segundo os funcionários da escola, a Secretaria de Educação levou as carteiras para consertar e até o momento não trouxe.

Sem a menor condição
Para os trabalhadores da educação de Extremoz, estas escolas não têm condições nenhuma de iniciar o ano letivo, por falta de estrutura, de material e de profissionais. Durante a assembleia, foi relatado que o prefeito Klauss Rêgo (PMDB) só contrataria o pessoal de apoio a partir do mês de março. Se as aulas estavam previstas para iniciar no dia 14 de fevereiro, por que só contratar em março?


Diante desta situação, o Núcleo do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinte/RN) de Extremoz está buscando acionar os órgãos competentes e mostrar para a população como se encontra a educação do município. Mas a situação vem piorando a cada ano, principalmente depois da perda do PDDE (Dinheiro Direto na Escola), que o município deixou de receber por falta de prestação de contas. Com isso, os prejudicados são os alunos e os profissionais da educação que estão sem condições de desenvolver o seu trabalho.

No decorrer do ano passado, os alunos foram muito prejudicados pela falta da merenda escolar, que chegava em quantidade insuficiente. Isso quando chegava, já que as escolas passaram mais tempo sem merenda. A falta de laboratórios de informática também é um grave problema. Os computadores chegaram através de um programa do governo federal, mas a Prefeitura ainda não fez a instalação do equipamento. Outro detalhe trágico é que nenhuma escola do município possui refeitórios, e não há conhecimento sobre a existência de projetos para criá-los.

Os problemas da educação de Extremoz ficam cada vez mais graves por causa da falta de concursos públicos. Todo início de ano letivo é prejudicado por falta de profissionais. O último concurso foi realizado em 2002 e o número de vagas não dói suficiente para a necessidade do momento. Depois de tantos anos sem concurso, com certeza a necessidade é ainda maior. Segundo a Prefeitura, até o final de março o edital estará pronto. Mas não podemos confiar em um prefeito que tanto castiga a educação. É preciso sair às ruas e exigir melhores condições para estudar e trabalhar.

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