Franceses voltam às ruas contra reforma da Previdência de Sarkozy
Mobilizações crescem e recebem o apoio dos estudantes
Mobilizações crescem e recebem o apoio dos estudantes
Os trabalhadores franceses não aceitarão a reforma da Previdência sem luta. Foi esse o recado dado nas ruas pelos 3,5 milhões de pessoas que se mobilizaram no último dia 12 de outubro, na maior manifestação já realizada contra o governo Sarkozy. A jornada de mobilizações e greve geral superou a do dia 23 de setembro, quando 3 milhões saíram às ruas, segundo os sindicatos.
As 244 manifestações ocorridas em todo o país exigiam o fim da reforma da Previdência do governo francês, que se mantém irredutível com os ataques. A mobilização, porém, vem crescendo a cada dia. Ao mesmo tempo em que mais franceses saem às ruas contra o projeto, cada vez mais setores também aderem às paralisações.
A reforma da Previdência de Sarkozy atrasa o tempo mínimo para as aposentadorias dos atuais 60 para 62 anos. Para quem não tiver completado os 40 anos mínimos de contribuição (que o governo quer aumentar para 41), a aposentadoria só será possível a partir dos 67 anos (hoje essa idade é de 65). Com a crise econômica e o conseqüente aumento do desemprego e da informalidade, os sindicatos denunciam que, na prática, a idade mínima para a aposentadoria vai ser de 67 anos.
Embora o governo Sarkozy coloque a elevação da estimativa de vida dos franceses como motivo para a reforma, o ataque faz parte de um pacote fiscal para conter o déficit público. A série de pacotes de estímulos concedidos pelos governos ao setor financeiro nos dois últimos anos colocou os países, principalmente os da Europa, à beira da falência. Agora, esses governos querem que os trabalhadores paguem pela crise.
Juventude entra em cena
As mobilizações, porém, colocam o projeto de Sarkozy em perigo. A jornada de lutas do dia 12 contou também com o participação da juventude francesa, com milhares de estudantes marchando lado a lado com os trabalhadores. A participação estudantil assustou o governo, que atacou a esquerda e os sindicatos como “irresponsáveis” por receber o apoio estudantil. O temor não é por menos. Em 2005 a juventude do país foi às ruas e derrubou a famigerada Lei do Primeiro Emprego (CPE na sigla em francês), que flexibilizava as contratações dos jovens.
A reforma da Previdência já foi aprovada pelos deputados e tramita agora no Senado. Espera-se que a votação ocorra ainda nesta semana. A disposição de luta dos trabalhadores franceses, porém, indica não esfriar. No dia seguinte à greve geral, setores como transportes e as refinarias permaneceram paralisados. E os sindicatos prometeram uma nova jornada de greve e manifestações.
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