Cai a farsa do governo sobre o discurso da soberania nacional
Ministro Edson Lobão |
“Não vou destruir o Estado, diminuindo seu papel. Não permitirei que o
patrimônio nacional seja dilapidado e partido em pedaços”. Essas frases
são do discurso da candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, durante a
campanha eleitoral de 2010. No entanto, depois da privatização das rodovias e
linhas ferroviárias, os empresários comemoram mais uma entrega do patrimônio
nacional, agora no setor petrolífero.
Isso porque foi anunciada a realização da 11ª rodada de licitação de
petróleo, para maio de 2013. A medida foi divulgada em Brasília pelo ministro
de Minas e Energia, Edison Lobão, e deverá ser seguida pela primeira rodada do
Pré-Sal, em novembro do ano que vem. Desde 2008 não ocorre um leilão. O
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) já havia aprovado, em abril do
ano passado, a realização do leilão, no entanto, ainda necessitava do aval da
presidente Dilma Rousseff.
Como ambos os leilões estão condicionados à aprovação, pelo Congresso,
das novas regras para o recolhimento de royalties do setor, as pressões sobre o
Congresso Nacional já aumentaram. O empresariado do setor de petróleo iniciou
um lobby aberto de convencimento de parlamentares para que aprovem o mais
rapidamente possível a nova Lei dos Royalties.
O empresariado abutre, nacional e multinacional, comemorou durante o
“Rio Oil & Gás”. O presidente da Organização Nacional da Indústria do
Petróleo (Onip), Elói Fernandez y Fernandez, disse: "Nós prevemos
um mínimo de US$ 1 bilhão para a próxima rodada". João Carlos de Luca,
presidente do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo): “Queremos
agradecer à presidenta Dilma pela sensibilidade de autorizar [a rodada] neste
momento, dando sinalização efetiva ao setor”. Segundo o presidente da Shell
no Brasil, André Araújo, que espera que a 11ª rodada marque a retomada da
regularidade dos leilões no país, "a Shell vai olhar com muita
atenção as áreas que vierem a leilão".
Este leilão será ainda realizado pelo regime de concessão. Vai licitar
174 blocos, sendo 87 em terra e 87 no mar. As áreas de exploração na Margem
Equatorial Brasileira e na Bacia Maranhão-Piauí serão as mais desejadas da 11ª
Rodada. Ainda mais que as multinacionais já desenvolvem a exploração
petrolífera em áreas com características semelhantes no Suriname, na Guiana e
no continente africano. Com especial atenção para as reservas de gás
natural.
Lula
entregou tanto quanto FHC
Fernando
Henrique Cardoso (FHC) e Lula leiloaram 37% da área do Pré-Sal, as melhores
áreas da Bacia. A estimativa é que a camada Pré-Sal tenha uma área de 112 mil
Km². Deste total, 41 mil Km² já foram leiloados e entregues. Restam 71 mil Km²
para partilhar.
FHC e
Lula entregaram por R$ 3,258 bilhões, uma riqueza que vale hoje, no mínimo, 4,4
trilhões de dólares, ou R$ 7,6 trilhões. Leiloaram 55 bilhões de barris de petróleo
bruto. O valor da venda foi apenas simbólico, 0,03% do valor da riqueza.
De 157
blocos oferecidos pelo governo FHC, foram arrematados 88 blocos pelo preço
total de R$ 1,477 bilhão, da 1ª a 4ª rodada de leilões. No governo Lula, 506
blocos exploratórios, de um total de 2955 leiloados, e 16 campos de produção de
petróleo, de um total de 17 leiloados, foram arrematados.
Mas o
inédito acontece na sétima rodada de leilões: o governo Lula põe a venda 17
campos produtores chamados “marginais” de petróleo bruto convencional do
Pós-Sal, os chamados campos “maduros”, sendo que apenas um deles não foi
arrematado. Tudo a um preço simbólico – R$ 3,046 milhões. Essa foi a senha dada
para a entrega dos campos de produção de petróleo convencional do Pós-Sal.
Agora
Dilma pretende realizar mais uma entrega através do 11º Leilão.
A
gasolina vai subir após as eleições
Projeções
apontam para um reajuste de 4,6% na gasolina e de 5,9% no diesel. O governo
alega a defasagem entre os preços domésticos e internacionais da gasolina e do
diesel.
A média
do preço da gasolina no país em setembro de 2012 era de R$ 2,724 por litro. Com
o dólar a 2 reais, o litro está custando cerca de 1,3 dólar. Ocorre que o
Brasil é auto-suficiente em petróleo, somente com suas reservas no Pós-Sal, por
isso o preço do litro da gasolina deveria ser US$ 0,2 ou R$ 0,318, como é
vendido nas bombas da Venezuela, que também é auto-suficiente. No entanto, o
consumidor brasileiro paga quase oito vezes mais que o venezuelano. No Paraguai
(que não produz nenhum barril de petróleo), a gasolina custa R $ 1,45 o litro,
preço similar ao da Argentina.
Pela
volta do monopólio estatal do petróleo
Para
fazer baixar o preço do litro da gasolina e termos gás de cozinha de graça para
a população, é preciso fazer crescer e tornar vitoriosa a luta “o petróleo tem
que ser nosso”. É preciso retomar todos os blocos exploratórios e campos
petrolíferos que estão sob o domínio e o controle das Big Oil (empresas
estrangeiras), sem indenização, e garantindo uma Petrobrás 100% estatal.
Vamos
preparar uma mobilização nacional a partir de setembro contra o leilão do
governo Dilma, já anunciando um dia nacional de paralisação contra o leilão.
Texto de
Américo Gomes, advogado com especialização em Política e Relações
Internacionais e assessor do Sindipetro de Alagoas e Sergipe
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