sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Luto

EDUCAÇÃO DE SÃO GONÇALO PERDE O PROFESSOR E POETA FRANCISCO DAS CHAGAS

Uma tragédia ocorrida na comunidade de Campinas, Zona Rural de São Gonçalo do Amarante/RN, na Grande Natal, marcou o final da tarde desta quinta-feira 10. O professor da rede municipal e poeta Francisco das Chagas da Silva, de 39 anos, foi assassinado por seu companheiro, João Maria da Silva, de 45 anos, com um golpe de foice no pescoço por volta das 18 horas de ontem. Após o assassinato, moradores da comunidade ainda amarraram o autor do crime e tentaram linchá-lo, mas foram impedidos pela polícia. João Maria foi preso no local e levado para a delegacia de plantão da Zona Norte, onde alegou ter agido em legítima defesa depois que o professor tentou agredi-lo em função de uma crise de ciúmes. Segundo a polícia, a violência do golpe foi tão grande que causou a morte do professor instantaneamente.

Chagas, como era mais conhecido, nasceu em Santo Antônio do Potengi, no dia 29 de dezembro de 1972, mas foi criado nas comunidades de Campinas e Bela Vista, Zona Rural de São Gonçalo, onde lecionava numa escola municipal. O professor e poeta Francisco das Chagas sonhava em publicar um livro de poemas com a ajuda do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de São Gonçalo do Amarante (Sinte). O professor Chagas estava afastado das salas de aula e vinha tentando se recuperar de uma depressão.

Para a direção do sindicato, a perda do professor é irreparável.
"Era um homem orgulhoso de si mesmo. Tinha muitos sonhos. Um deles era lançar seu livro, pois era um excelente poeta.
Um sonho que o Sinte levará à frente. Ele fará muita falta para a educação do nosso município.", declarou a diretoria do Sinte de São Gonçalo.

Abaixo, leia um dos poemas do professor.


A INIMIGA DE UMA ETERNA SAUDADE

A morte
É companheira
Da dor e do medo;
É companheira
Do desespero
E da saudade;
O homem é refém
Da vida
E da morte;
Ele poderá ser aceito
Ou rejeitado
Pela própria sorte.

Na sua escapatória
O homem não é forte;
O homem é frágil;
O homem é fraco;
Ele se autodestrói
Igualmente ao ferro
Que se corrói.

A morte
É sentimentalmente
Uma malevolência;
E punitivamente
Uma benevolência;
Sem exclusão
De valores ou etnias
Ela pratica a igualdade.

A morte é inimiga
Do homem e persegue
Implacavelmente os seres vivos;
Ela domina a eternidade
Impondo freqüentemente
A cada dia o adeus;
Uma tristeza;
Na incerteza;
De um amanhã
E que nos faz aceitar
A surpresa da inexistência
Essa difícil realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário