DE DILMA A TEMER: REFORMA DA PREVIDÊNCIA SE MANTÉM NA PAUTA
PARA APROFUNDAR ATAQUE À APOSENTADORIA DA CLASSE TRABALHADORA
No dia 7 de janeiro deste ano, no início do segundo mandato
de Dilma Rousseff, o povo brasileiro foi bombardeado com a notícia “Dilma diz
que Brasil vai ter que encarar a reforma da Previdência”, trazia o título da
matéria na FSP (Folha de S. Paulo).
Em sua primeira entrevista em 2016, a presidente defendeu a
reforma da Previdência, justificando que “não é possível que a idade média de
aposentadoria das pessoas no país seja de 55 anos”.
Na matéria constava: “Segundo a presidente, a alteração pode
ser feita pela fixação de uma idade mínima ou de um instrumento que misture
idade com tempo de contribuição, como ocorreu com a fórmula 85/95 móvel — que é
a soma da idade com tempo de contribuição para mulheres e homens.”
Ou seja, o que Dilma disse há quatro meses não é muito
diferente do que o que foi anunciado pelo governo interino de Michel Temer na
semana passada: “Governo Temer estuda proposta de transição para Previdência”,
título de matéria da mesma FSP no último dia 14.
A principal diferença é que Dilma não conseguiu levar o
projeto adiante devido à crise instalada em seu governo e, agora, Temer, tem a
tarefa de aplicá-lo com rapidez e aprofundá-los, ou seja, ampliar os ataques
aos trabalhadores. Neste caso, significa começar uma campanha pela intensiva
pela midia em defesa da transição para que a reforma já atinja quem está no
mercado de trabalho sob o argumento de que há um rombo gigantesco na
Previdência.
Assim, o Ministério da Fazenda, já sob o comando de Henrique
Meirelles, divulgou na semana passada que vai retomar a proposta de reforma da Previdência
com fixação de idade mínima e uma regra de transição para quem já está no
mercado de trabalho. “Sim, haverá uma idade mínima de aposentadoria. O que
estamos estudando é exatamente quais as regras de transição”, declaração de
Meirelles divulgada pela mesma FSP. No governo Dilma não havia a regra de
transição, a medida seria progressiva para quem entrasse no mercado.
Não há negociação para essa reforma Para cumprir seu plano, Temer chamou uma
negociação na última segunda-feira (16) com centrais sindicais com o intuito de
formar um grupo de trabalho que discuta a reforma da Previdência. Participaram as centrais que apoiam o governo
da direita, como Força Sindical, UGT, CSB e Nova Central. CUT e CTB não foram
por serem ambas contra o impeachment de Dilma e não reconhecerem o governo
interino. A CSP-Conlutas também não participou, mas também não havia
participado da reunião com o Governo Dilma, pois desde lá atrás já se
posicionava contra qualquer reforma da Previdência, não participando de nenhuma
destas negociações.
“É bom lembrar que um dos motivos de ruptura da CUT ainda em
2003 foi quando o governo Lula propôs uma reforma da Previdência que traria um
grave ataque aos servidores públicos”, lembra um dos membros da SEN (Secretaria
Executiva Nacional) da CSP-Conlutas Paulo Barela.
O fato é que independente de o governo ser petista ou de
direita os trabalhadores têm sofrido diversos ataques.
Uma expressão desse fato é a declaração do presidente da
Central Sindical do Brasil ao fim da reunião com o governo, publicada pelo El
País nesta terça-feira (17). Antônio Neto disse que a reforma previdenciária
não era necessária. “Achamos que não precisa, posso dizer com toda
tranquilidade. Quando foi feita a 85/95 progressivo, já foi feita a ‘maldade’. Em
2026, ninguém mais no Brasil se aposentará com 65 anos, (no caso de homem) e
com 60 anos (mulher). É repetir o erro de novo. Aliás, todas mexidas da
Previdência mexeram sempre com o todo dos trabalhadores”.
Chega de ataques aos
trabalhadores
O governo atual não é um governo fruto da vontade popular, é
tão repudiado pela população como era o governo Dilma e assume por meio de uma
manobra da oposição burguesa de direita, através do impeachment, com o apoio da
burguesia para aplicar os planos que o governo Dilma não conseguiu. “A unidade
interburguesa marca o início do governo Temer, com 11 partidos participando do
novo ministério, incluindo o PSDB, maior e principal partido de oposição. As
frações burguesas que estavam divididas durante os mandatos de Lula e Dilma,
parte na oposição e parte no governo, retomam o governo sozinhas”, afirma a
carta política aprovada na SEN da CSP-Conlutas realizada no último dia 12.
Isto significa que os ataques que serão desferidos contra a
classe trabalhadora e o povo pobre não serão poucos. Diga-se a reforma da
Previdência, o aumento de impostos ou a instituição novamente do CPMF
(Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) que recairá sobre
nossos bolsos, o corte de verbas para saúde, as privatizações e outros.
Fortalecer a luta
unificada
Será necessária muita resistência para barrá-los. Portanto,
a nossa Central já se posicionou diante do governo Temer: “A CSP-Conlutas –
Central Sindical e Popular se coloca, desde já, em oposição frontal a esse
governo e suas políticas antitrabalhador. É um governo dos grandes empresários,
banqueiros, latifundiários, do grande capital nacional e internacional”, afirma
a carta política da SEN. Diante disso,
a Central irá para as ruas e para os locais de trabalho defender as
aposentadorias contra a reforma da Previdência com todo vigor e firmeza, e
continuará defendendo o campo alternativo das lutas dos trabalhadores, do povo
pobre e da juventude, que são oposição ao governo Temer, a esse Congresso, ao
PMDB e ao PSDB, mas também não querem mais um governo do PT por este não ser
mais uma alternativa da nossa classe.
A CSP-Conlutas também faz um chamado às centrais sindicais,
CUT e CTB, que se dizem contra a reforma da Previdência para prepararmos juntas
uma Greve Geral em defesa dos direitos dos trabalhadores.
Fonte: CSP-Conlutas
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