PROFESSORES DO ESTADO DO PARÁ INICIAM GREVE COM ASSEMBLEIA E
ATO EM BELÉM (PA)
Greve foi decidida pela categoria semana passada e conta com
o apoio de pais e estudantes
Mesmo debaixo de uma forte chuva característica do inverno amazônico, os professores da rede estadual do Pará deram início oficialmente à greve decidida pela categoria na semana passada. Mais de 2.500 trabalhadores da educação participaram da assembleia realizada nesta quarta-feira (25), às 9h, em São Brás, pelo Sindicato dos Professores do Estado do Pará (SINTEPP), que contou também com o apoio de estudantes da rede pública e pais de alunos.
O movimento de paralisação por tempo indeterminado da
categoria tem como principal reivindicação a exigência de que o governador do
Pará, Simão Jatene (PSDB) pague o piso salarial dos professores que está
atrasado desde janeiro, além da manutenção das aulas suplementares sem redução
de salários, eleição direta para diretor e implementação do Plano de Carreira
Unificada. Cerca de 80% da categoria, aderiu ao movimento grevista.
A greve começou a ser organizada pela categoria desde
segunda-feira (23) quando os professores reuniram-se com estudantes explicando
os motivos que os levaram à paralisação. Na terça-feira (24), foi a vez dos
pais dos alunos participarem de reuniões nas escolas com a categoria. Na
assembleia de quarta-feira (25), estudantes de algumas escolas estaduais como a
escola Augusto Meira, umas das maiores de Belém estavam presentes com cartazes
em apoio e solidariedade à greve dos professores. Eles chegaram à assembleia
cantando: “O professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”.
Pouco mais de 10h, a categoria saiu em passeata com
carro-som, fechando a Avenida Almirante Barroso, principal via de entrada e
saída de Belém e se dirigindo até a Secretaria de Administração do estado
(SEAD). Durante o ato, os professores receberam o apoio e a solidariedade de
diversas pessoas nas ruas, de operários da construção civil que trabalhavam em
obras próximas. Gilmar Mendes, diretor, representando o Sindicato dos
Trabalhadores da Construção Civil de Belém, filiado à CSP-Conlutas, esteve
presente no ato e falou no carro-som que os operários do setor estão apoiando a
greve dos professores.
O pedagogo e especialista em educação, Antônio Diniz, disse
em entrevista que a situação da educação pública no Pará é lamentável. Enquanto
Jatene cria uma secretaria especial para sua filha, os professores e alunos
sofrem com escolas sucateadas, com a falta de merenda escolar, falta de livros
didáticos, e outras coisas. Ele denunciou que Jatene quer mexer na jornada dos
professores, o que acaba mexendo também com os seus vencimentos. O atraso do
pagamento do piso, que deveria ser reajustado em 13,01%, gera revolta e
indignação já que governo sinalizou pagar só no fim de abril e não há
perspectivas de os professores receberem os retroativos correspondentes a
janeiro, fevereiro e março. “A categoria não vai aceitar parcelamento de piso”,
disse Antônio.
No meio do ato, a TV Liberal, filiada à Rede Globo, foi
expulsa pela categoria por ter chamado em seu jornal, os professores de
trapaceiros e mafiosos. Josyanne Quemel, professora que constrói a Oposição
Luta Educador, filiado à CSP-Conlutas, disse que quem mente é a Liberal e
Jatene, e que a luta dos professores é em defesa da educação pública.
O ato terminou em frente à SEAD, onde a categoria votou uma
agenda de lutas para os próximos dias e sua participação em massa, amanhã, no
dia 26 de março, dia nacional em defesa da educação pública. A greve começou e
começou forte.
Fonte: CSP-Conlutas, com informações de Wellingta Macêdo, direto de Belém do Pará
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