"NOSSA GREVE NÃO EXISTE PARA A REDE GLOBO",
AFIRMAM PROFESSORES DE SÃO PAULO
Presidente do sindicato enviou carta ao diretor de
Jornalismo da emissora, pedindo "coerência" na cobertura das
manifestações que ocorrem no Estado
Durante semanas o governo do Paraná,
capitaneado por Beto Richa (PSDB), enfrentou uma greve geral que pôs mais de
100 mil professores nas ruas, em protesto por melhores condições de trabalho e
renda. Apesar da dimensão dos atos, a grande mídia deu pouco espaço às demandas
dos educadores, e o mesmo ocorre, agora, em São Paulo, Estado governado pelo
correligionário de Richa, Geraldo Alckmin. "Nossa greve não tem a devida
cobertura na maior rede de televisão do país", escreveu o Sindicato dos
Professores do Ensino Oficial de São Paulo (APEOESP).
O tratamento não passou em branco. Em carta a Ali Kamel,
diretor de Jornalismo da maior emissora do país, a Rede Globo, Maria Izabel
Azevedo Noronha, presidente da APEOESP, cobrou coerência e isonomia na cobertura
das manifestações em São Paulo. "Os professores da rede de ensino público
de São Paulo estão em greve desde o dia 13 de março. Para a Rede Globo, no
entanto, nossa greve não existe", introduziu a dirigente.
Maria Izabel destacou que cerca de 40 mil professores
marcharam na Rua da Consolação na sexta-feira (20), mas não houve menção nos
telejornais da Globo. "A mesma emissora, porém, fez grandiosas reportagens
ao vivo nas manifestações do dia 15 de março, na Paulista. Por que a diferença
de tratamento?", questinou.
Segundo a presidente, mesmo com o protesto tendo atingido
cerca de 135 mil professores, que estão parados aguardando negociação com o
governo Alckmin, a Globo segue sem ouvidos para a entidade que representa a
categoria. Em contrapartida, os microfones estão sempre abertos à Secretaria de
Estado de Educação, em defesa da gestão tucana.
"A ética do bom jornalismo determina que todas as
partes envolvidas em determinado fato sejam ouvidas e que sejam divulgadas suas
posições", lembraram os professores. "Se a Rede Globo defende a
liberdade de expressão, deve cumprir as regras do Estado democrático de
direito. Como concessão pública, deve cumprir seu papel de informar à população
sobre todos os fatos que possam interessar."
A próxima assembleia estadual acontece em 27 de março, às
14h, no MASP. A APEOESP demanda aumento salarial de 75,33% para equiparação
salarial com as categorias de ensino superior. Entre outros pedidos estão o de
desmembramento de salas de aula superlotadas, a conversão de bônus salarial em
reajuste, garantia de direitos na contratação de professores temporários,
limitação de 25 alunos por sala nos ensinos fundamental e médio, atendimento
médico, infraestrutura adequada e educação integrada no lugar de escolas
integrais.
Fonte: Jornal GGN
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