I SEMINÁRIO DE MULHERES NEGRAS DO QUILOMBO DEBATE E
APROFUNDA DISCUSSÃO SOBRE GÊNERO, RAÇA E CLASSE
O I Seminário de Mulheres Negras do Quilombo Raça e Classe,
realizado de 27 a 28 de novembro, no Rio de Janeiro, contou com a participação
de 60 pessoas, para além dos cerca de 30 inscritos, vindos dos estados do Rio
Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande
do Norte e Piauí.
No primeiro dia do Seminário, as discussões foram sobre
conjuntura na mesa coordenada por Maristela Farias, do Quilombo Raça e Classe,
que contou também com as convidadas Natália Russo, da Secretaria de Opressões
do Sindipetro/RJ, Samanta Guedes, do Movimento Mulheres em Luta (MML), e Eliana
Lacerda, da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas.
As palestrantes denunciaram os ataques que a classe
trabalhadora vem sofrendo. Além de criticarem o momento pós eleições que,
segundo avaliação feita no encontro, foi construída a partir da utilização da
mulher negra como alicerce dos programas assistencialistas demandados pelo
Governo Dilma, para assim, garantir seu segundo mandato. Tal feito continuou,
especificamente, em novembro, devido ao dia da Consciência Negra e ao dia Latino
Americano de Combate à Violência Contra a Mulher. Foi citada também a importância de as negras
do Quilombo Raça e Classe acompanharem a organização da Marcha de Mulheres
Negras, que ocorrerá em 2015, e que será precedida pelo Congresso do Pensamento
da Mulher Negra, que ocorrerá de 7 a 13 de dezembro do corrente ano, em
Salvador.
Na segunda mesa do seminário debateu-se a história de
organização e concepção de Mulheres Negras,
que contou com a introdução de Cilda Sales, do Quilombo Raça e
Classe/RJ, seguida pelas convidadas Dayse Oliveira, do Quilombo Raça e Classe
/RJ, Adriana Martins, da Articulação Brasileira de Mulheres e Carolina Amanda
do Coletivo Carolina de Jesus da UFRJ, e
Carla Gonzaga, do Quilombo Raça e Classe/RN, mediadora da mesa. As convidadas versaram sobre a histórica
organização de luta das mulheres negras, que antecede a luta do feminismo, bem
como do papel de lideranças que as mulheres negras tiveram em antigas culturas.
O racismo na vida das mulheres negras e a necessidade de auto-organização,
tendo em vista que são elas a maioria das mulheres da classe trabalhadora,
também foi apontado no Seminário e avaliado como perversos pelas presentes.
Segundo as palestrantes, as mulheres negras se encontram nos extratos de
trabalhos mais explorados e mais precarizados, e enfrentam mais dificuldades e
limitações no acesso aos serviços públicos como saúde e educação, transportes
públicos, moradia e empregos dignos. O
último dia do Seminário foi dedicado aos grupos de discussão sobre o papel da
luta das mulheres negras frente aos ataques machistas, racistas que a
exploração capitalista cada vez mais submete as mulheres negras.
Diversas discussões e intensos debates pontuaram sobre o
papel do movimento negro, dirigido historicamente por homens negros, que em
última instância reproduzem as relações de opressão machista. Os grupos também
discutiram sobre o movimento feminista ou de luta pelas demandas das mulheres,
que é organizado e representado por mulheres brancas, e que não assimilam as
demandas do racismo como uma ideologia que oprime e discrimina homens e especialmente
as mulheres negras.
Na avaliação do Movimento Quilombo Raça e Classe o Seminário
avançou na tarefa de debater e aprofundar as discussões sobre a questão de
gênero, raça e classe junto das entidades e movimentos filiados à CSP-Conlutas
e nos movimentos sociais e estudantil.
Fonte: CSP-Conlutas, com informações do Quilombo Raça e Classe Nacional
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