Prefeito de São Gonçalo corta salários de trabalhadores da educação
Professores e funcionários, em greve há quase um mês, receberam seus contra-cheques com vários dias de desconto
Às vesperas do dia em que a Ditadura Militar no Brasil completa 46 anos, o prefeito de São Gonçalo do Amarante/RN, Jaime Calado (PR), mostrou mais uma vez o quanto seu governo é autoritário e repressor. Nesta terça-feira (30), quando os trabalhadores da educação, em greve desde o dia 4 de março, foram ao banco verificar o depósito de seus salários, perceberam que a prefeitura havia descontado parte dos dias parados. O mais absurdo dessa medida é que o corte nos rendimentos foi feito de forma ilegal, pois o pedido da prefeitura pela ilegalidade da greve não foi julgado pela Justiça e a paralisação continua sendo legal.
A professora Vanuza Alves recebe um salário base de R$ 1181,33. Ao retirar seu extrato bancário, percebeu que tinham descontado sete dias de trabalho, o que equivale a R$ 345,43 de sua já reduzida remuneração. Vanuza é uma das mais dedicadas à paralisação e faz parte do comando de greve da categoria. Entretanto, com a professora Maria Diva Ferreira foi ainda pior. Ela recebe como salário base míseros R$ 806,36 e teve descontados 11 dias, o equivalente a R$ 360,00. Com o corte, ela recebeu R$ 553,37, um pouco mais que o atual salário mínimo.
Mesmo sabendo que não poderia fazer os descontos, o prefeito Jaime Calado fez questão de anunciar, dias antes em um programa de rádio, que iria cortar os salários dos servidores grevistas. Essa não é a primeira vez que a prefeitura desrespeita o direito de greve dos trabalhadores. No ano passado, Jaime Calado também descontou parte dos salários dos funcionários da saúde, que realizaram uma paralisação contra as péssimas condições de trabalho.
A advogada do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do RN (Sinte) - Núcleo de São Gonçalo já preparou um madado de segurança para que a Justiça garanta o pagamento integral dos salários dos servidores, visto que a greve permanece sendo legal. Para a direção do sindicato, essa é mais uma prova de que o prefeito Jaime Calado e seu Secretário de Educação, Abel Neto (PT), não medem esforços quando o assunto é atacar os direitos dos trabalhadores. "A prefeitura vai sentir é nas ruas o peso de mais esse ataque aos nossos salários. O movimento não vai recuar diante do autoritarismo de Jaime Calado. Nossa greve é justa e continua forte. Nós vamos até o fim nessa luta.", afirmou Socorro Alves, uma das coordenadoras do sindicato.
Amanhã (31), às 8h, em frente à Secretaria de Educação do município, professores e funcionários farão um ato público contra o corte dos salários e em defesa da pauta da greve. Entre as principais reivindicações, estão o descongelamento das promoções horizontais e verticais, cumprimento do Plano de Carreira dos funcionários, reajuste salarial de 35%, melhoria nas condições físicas das escolas, cancelamento do Plano de Cargos que retira direitos dos professores e cumprimento do Piso Salarial da categoria.
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